O interesse da China pelas principais empresas europeus tem crescido nos últimos anos. Prova disso, é o projecto chinês Faixa Rota – A Nova Rota da Seda. Um investimento com cerca de 900 mil milhões de euros em portos e estradas para ligar a Europa à China, por forma a estreitar as relações entre a Europa e a China, por via terrestre e marítima.
Para investir, o Sul da Europa é a área eleita desta nacionalidade, com Portugal, Itália e Grécia a serem os três países com maiores investimentos chineses. Ainda assim, é na Suíça que se regista o maior investimento chinês. Na Europa, as empresas apostam, essencialmente, no sector financeiro, eléctrico, saúde e aviação. Em Portugal, observam-se algumas diferenças, com a banca, energia e seguros a se destacarem.
Portugal é já um mercado seguro para investir e a China é a principal accionista em algumas das maiores empresas portuguesas. Em 2018, o investimento chinês alcançou os 5,24 mil milhões de euros, uma subida de 7,6% face ao ano anterior.
Entre 2000 e 2017, Portugal ocupou o décimo lugar no Top10 dos países que a China mais investiu. Em relação aos países da Europa, posicionou-se no segundo lugar do pódio, atrás da Suíça. Quanto aos números, prevê-se que actualmente já foram investidos mais de nove mil milhões de euros chineses por cá.
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Fosun é o maior investidor chinês em Portugal
Liderado por Guo Gangchang, a empresa começou por investir na área farmacêutica e na compra e venda de imóveis. Ao longo dos anos foi-se expandindo para diversas áreas, desde os seguros às telecomunicações e actualmente é o maior investidor chinês em Portugal.
Por cá, o grupo já comprou a maior seguradora portuguesa, a Fidelidade, uma das empresas mais conhecidas na prestação de serviços de saúde, a Luz Saúde e é o maior accionista do banco privado português BCP. Além disso, controla 5% da Rede Eléctrica Nacional (REN). Fundada em 1992, estima-se que já terá investido cerca de 2,8 milhões de euros em Portugal.
O principal investimento para o grupo chinês aconteceu em 2014 à Caixa Geral de Depósitos com a compra da companhia de seguros Fidelidade. Com o apoio de bancos estatais chineses, a empresa comprou 80% da seguradora, tornando-se de imediato no maior investidor chinês no país. Os 80% traduziram-se num investimento de mais de mil milhões de euros. Mais tarde, o capital subiu para 85%.
Em 2016, a empresa voltou a apostar e comprou, por 175 milhões de euros, 16,7% do BCP, assumindo-se como o maior acionista do grupo.
Também na saúde, a chinesa possui capital, na Luz Saúde. Em 2018, e face às grandes crises que o grupo enfrentou, a Fosun esteve quase para possuir 100% da empresa portuguesa.
Para além de tudo isso, a Fosun é também um dos maiores compradores de imobiliário em Lisboa. O destaque vai para o edifício da Rádio Renascença, no Chiado.
Em entrevista à Lusa, o líder do grupo, Guo Guangchang, admitiu que Portugal é um país estável, que transmite confiança e otimismo na economia. “No início do investimento estávamos cautelosos e preocupados, porque foi no período em que a economia portuguesa estava em baio. Mas depois de conhecermos melhor Portugal, o povo e a economia, acho que estamos confiantes. E Portugal transmite-se estabilidade. A política é estável, mesmo depois da mudança de governo. O povo português também é muito simpático para os investidores e é trabalhador”.
Para o grupo chinês, 2016 foi um bom ano em termos de investimento. Ao todo, receberam 229 milhões de euros líquidos dos investimentos em Portugal. Desse número, 211 vieram da seguradora Fidelidade.
Também numa entrevista à Lusa, o presidente da Fidelidade, Jorge Magalhães Correia, disse que os investimentos da Fosun em Portugal têm sido caracterizados pela qualidade e não pela quantidade, estando a multinacional chinesa confortável pelos investimentos que fez em Portugal.
China Three Gorges possui 21,35% da EDP
Fundada em 1993, a China Three Gorges (CTG) é uma empresa estatal chinesa e está entre as maiores a nível mundial, com capitais ativos superiores a 40 mil milhões de euros. A CTG foi a primeira empresa chinesa a investir em Portugal.
Em 2012, o grupo decidiu investir em Portugal e comprou a Empresa de Energias de Portugal – EDP – por 2.690 milhões de euros que resultaram em 21,35% do total da empresa. No ano passado, e já sob o comando de Lu Chun, a empresa reforçou a sua posição e comprou mais 1,9% da empresa, traduzidos em 208 milhões de euros, elevando, assim, a sua participação para 23,3%.
Ainda em 2018, em maio, a CTG lançou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) com o objetivo de controlar a totalidade da EDP. Ao todo, ofereceram 3,26 euros por cada ação, um valor superior a 4,8%.
Na altura, o primeiro-ministro António Costa admitiu que o governo não tinha que se opor, caso a OPA fosse avante, acrescentando que em Portugal as empresas chinesas têm sido bons investidores.
Para a gigante chinesa, a OPA era o passo natural no seguimento de uma parceria de seis anos com boas relações estabelecidas entre ambos. Embora o objetivo fosse ficar com 100% do capital, a CTG admitiu que a EDP continuaria a ser uma empresa independente portuguesa e que iria continuar a fazer parte da Bolsa de Lisboa.
Passado quase um ano, a 24 de abril a OPA foi a votos e foi recusada. Os acionistas que participaram na assembleia votaram sobre esta medida e os resultados não deixaram dúvidas. A maioria dos presentes disseram não à OPA para a CTG – 56,60% dos acionistas chumbaram, totalizando 65,18% do capital da empresa portuguesa. Este era um resultado já esperado.
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State Grid Corporation of China, a empresa de energia responsável por 25% da RNE
Foi a 2 de fevereiro de 2012 que a empresa da República Popular da China comprou por 287 milhões de euros a REN, possuindo 25% da RNE.
Na China, esta empresa é responsável pela maior parte da operação de rede elétrica do país e é a maior empresa de transmissão de energia elétrica e de distribuição na China e no mundo. Criada em dezembro de 2002, a State Grid Corporation of China (SGCC) tem sede no distrito de Xicheng, em Pequim.
Liu Zhenya é o presidente do grupo chinês e é também quem controla a REN. Em 1984 entrou para o Partido Comunista Chinês e começou a exercer funções na área de administração do sector eléctrico.
Na altura do acordo entre as empresas, o político português Paulo Portas admitiu que além do valor do investimento chinês, o grupo estava interessado em investir 12 milhões de euros para abrir um centro tecnológico, um espaço de colaboração às empresas, universidades e aos estudantes portugueses nas áreas da energia.
Portugal e China estabeleceram relações diplomáticas em 1979 e desde então, a cooperação e amizade entre os dois países resultaram em fortes desenvolvimentos nas áreas da política, comércio e investimento, cultura e ciência.
Em junho deste ano, Marcelo Rebelo de Sousa disse que as relações entre Portugal e a China estavam no melhor momento de sempre. Para o presidente, o estabelecimento da parceria estratégica entre os dois países em 2005 obteve avanços surpreendentes. Segundo ele, o interesse e o apoio do governo português no sentido de reforçar a relação com a China são evidentes e constantes.
Quanto aos investimentos, o Presidente da República afirma que está optimista no seu crescimento e Portugal só terá a beneficiar.