China reabre rotas de comércio com Portugal

Durante a pandemia provocada pela Covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa e Xi Jinping realçaram as boas relações entre os dois países, nos vários encontros que têm mantido.

Mesmo a um ritmo menor do que no passado e com prazos mais distendidos, a maioria dos clientes e fornecedores das empresas portuguesas já voltou ao ativo, começando a regularizar as encomendas e as entregas de matérias-primas durante o mês de abril.

Fábricas fechadas, matérias primas por despachar, compradores desaparecidos, encomendas suspensas e clientes de portas fechadas. Este foi o cenário com que muitas empresas portuguesas se depararam na China logo em janeiro e no início de fevereiro, quando o novo coronavírus estava confinado à região.

A República Popular da China começa a reabrir rotas para comprar e vender em Portugal, embora ainda a um ritmo menor do que no passado e com prazos mais distendidos. Durante a pandemia provocada pelo Covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa e Xi Jinping realçaram as boas relações entre Portugal e a China, nos vários encontros que têm mantido.

Volvidos três meses, os exportadores e os importadores confirmam que, embora a um ritmo lento e a recuperar o tempo perdido e os negócios adiados no pico da pandemia, os caminhos para o gigante asiático reabriram no final de março e durante o mês de abril, iniciando o restabelecimento de parte das cadeias de produção, distribuição e consumo.

Uma das empresas portuguesas que volta a exportar para a China é a Sovena, ainda assim o prejuízo podia ter sido pior. O confinamento decretado pelas autoridades de Pequim teve um impacto muito residual para a Sovena, já que as encomendas de Oliveira da Serra, Andorinha e Fula foram realizadas e servidas antes da habitual concentração para o Ano Novo Chinês. Porém, se em termos logísticos não houve restrições à exportação, as restrições à circulação de pessoas provocaram uma natural contracção do consumo. 

Fonte oficial do grupo liderado por Jorge de Melo, que fatura cerca de 1.500 milhões de euros por ano, sublinha que “desde meados de março [tem] a equipa comercial local a funcionar normalmente e tem-se vindo a assistir a um crescimento das vendas acima do ano anterior” neste mercado de exportação emergente.

AICEP: “Cadeias de abastecimento com China não desapareceram”

A AICEP revela que ainda há constrangimentos nas relações entre Portugal e China, mas as cadeias de abastecimento não foram, durante este período, totalmente interrompidas nem desapareceram. Por isso, espera-se que comece a haver retoma.

As cadeias de produção e abastecimento entre Portugal e a China foram afetadas mas a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), afirma num comunicado enviado à comunicação social que “não foram completamente interrompidas nem desapareceram”.

Por isso, a agência acredita que “serão retomadas em pleno, a breve trecho, nas suas várias vertentes”, ainda que, numa primeira fase, se possa sentir mais ao nível industrial, podendo demorar mais nos bens de consumo, que, no entanto, “são igualmente importantes para a afirmação de Portugal na China e têm, nos últimos anos, vindo a ganhar terreno nos cabazes de consumo dos cidadãos chineses”.

A AICEP destaca, pelo contrário, sectores em que a cadeia não foi sequer interrompida, nomeadamente no agro-alimentar e na venda à China de carne de porco. 

“Foi, aliás, o único sector nacional que não viu as suas exportações para este país afetadas, pelo contrário subiram 255%”, lembra a AICEP, salientando que, segundo o INE, nos primeiros três meses do ano as vendas de bens nacionais à China caíram, no conjunto, 27,1%, explicando-se pelo peso que os produtos industriais que são incorporados nas cadeias de produção chinesas têm. E estas fábricas estiveram suspensas durante uma boa parte dos meses de fevereiro e março. Agora com o regresso à atividade na China, “será de esperar uma tendência semelhante das exportações portuguesas para este mercado”. 

Ao nível das importações, a queda trimestral ficou nos 3,4%, admitindo-se que em abril e maio se possa ver alguma retoma pelas compras de equipamentos médicos hospitalares.

Mas se a nível comercial as cadeias tendem a refazer-se, a AICEP realça o facto de ainda não se poder viajar para a China, realçando a importância da presença dos empresários portugueses e das suas equipas no mercado chinês para a construção de relações profissionais.

 

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