No passado dia 8 outubro, a Associação de Amigos da Nova Rota da Seda (ANRS) organizou, em parceria com o Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento do ISEG (CESA ) e com a Fundação Jorge Álvares, a Conferência “Visão Estratégica para Portugal – A Internacionalização da Economia Portuguesa e a Ásia”.
A iniciativa contou com a presença de várias personalidades ligadas às relações diplomáticas entre Portugal e a China,, como António Costa e Silva, António Mendonça, Clara Raposo e também Fernanda Ilhéu. A cerimónia decorreu no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e teve como orador António Costa e Silva, autor da Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030.
Para Fernanda Ilhéu, o tema da conferência justifica-se pela falta de pessoas que trabalham com a Ásia, ao nível empresarial, mas também ao nível académico e de investigação. “Digamos que a Ásia é como um patinho esquecido da nossa internacionalização”.
Na conferência, António Costa e Silva decidiu abordar ao longo da conferência três pontos que achou fulcrais serem debatidos: Portugal num mundo em convulsão: da pandemia à crise económica e social; Como é que o mundo pode evoluir: da geopolítica aos recursos, da tecnologia ao clima; A Internacionalização da Economia Portuguesa e da Ásia.
O autor começou por defender que procura enquadrar as prioridades que deverão nortear a acção governativa no contexto da recuperação dos efeitos adversos causados pela atual pandemia. “A linha fundamental passa pela aposta nos recursos naturais e na sua valorização, num grande esforço de reindustrialização e de reconversão industrial do país, tendo em vista recuperar a autonomia produtiva do país num contexto de economia global”.
“Vamos aproveitar para fazer um conjunto de contactos e desenvolver o Fundo de Fundos com países e regiões que são acumuladores de capital […] O fundo integra um pacote de 56 medidas de apoio à internacionalização aprovado em novembro último em conselho de ministros, sob coordenação do Ministério dos Negócios Estrangeiros”. Este Fundo de Fundos poderá ser constituído por diferentes fundos com entidades públicas e privadas no exterior.
O fundo destina-se a financiar projectos de empresas com parceiros chineses em países de língua portuguesa por um período de dez anos. As taxas cobradas não são conhecidas, mas são consideradas. Apesar de ter sido constituído em 2013, até aqui financiou apenas três projectos em Moçambique, Angola e Brasil num montante global de 35 milhões de dólares.
Quanto ao papel das empresas portuguesas na internacionalização, “têm de ser reconhecidas como o “motor real do crescimento e da criação de riqueza, mas o Estado também deve exigir àquelas que beneficiam de capital público que se empenhem na melhoria da gestão, prefiram capital a dívida, aumentem a competitividade (não por baixos salários, mas pela inovação tecnológica) e internacionalização (desde logo pela cooperação entre si para melhor intervirem no mercado global)”.
Como nota final, o orador comentou que os empresários portugueses deveriam juntar-se, agrupar-se, associar-se de qualquer forma para, em conjuntos maiores ou menores, estabelecerem estratégias de investimento para os próximos anos, aproveitando todo o capital que a Europa nos vai dispensar, de forma a liderarem a reformulação da economia nacional criando grandes projectos com capacidade internacional, lançando Portugal para a liderança do desenvolvimento económico.
Embora a presença na conferência tenha sido limitada a 25 pessoas no recinto, devido à pandemia provocada pela Covid-19, a organização disponibilizou, via Zoom, a conferência para todos os interessados pudessem assistir e participar. Ao todo, assistiram 195 pessoas via Zoom.