Numa nota de imprensa enviada à Lusa, Cai Run, embaixador da China em Portugal, garante que o governo chinês vai doar a Portugal materiais de apoio e facilitar a aquisição de equipamentos necessários para ultrapassar com maior rapidez a pandemia.
Antes de anunciar as medidas que a China adoptou para ajudar Portugal, Cai Run começou por enaltecer e relembrar o papel que Portugal teve durante a crise do novo coronavírus na China, entre dezembro e fevereiro, lembrando que no aperto do perigo, conhece-se o amigo.
“Desde há muito tempo que a embaixada da China em Portugal tem mantido comunicação e coordenação estreitas com o governo português e as suas autoridades competentes, como o Ministério dos Negócios Estrangeiros, Ministério da Saúde e Direcção Geral da Saúde de Portugal, ao mesmo tempo que temos articulado com as autoridades competentes chinesas, assim como as autoridades locais e empresas”.
Ultrapassado o pico da pandemia do surto na China, é altura de o país asiático retribuir a ajuda e como tal nas próximas semanas “irão ser enviados diversos materiais necessários para se enfrentar a pandemia em Portugal”, garante Cai Run. “Do que depender da China, tudo faremos para ajudar Portugal. Máscaras de protecção, ventiladores, monitores e kits médicos de protecção individual são a prioridade neste momento e Portugal pode contar connosco para ajudar”.
No comunicado enviado, Cai Run aproveitou a ocasião para congratular os esforços do grupo chinês China Three Gorges (CTG), maior accionista da EDP, que “juntou-se à companhia eléctrica portuguesa para a aquisição de materiais e equipamentos médicos, entre os quais ventiladores, monitores, máscaras médicas, fatos e óculos de protecção, com vista à sua doação a Portugal, à semelhança de outros membros da comunidade chinesa no país”.
Além disso, a CTG, em colaboração com a EDP, vai oferecer 50 ventiladores, 200 monitores e diversos equipamentos de apoio médico aos hospitais portugueses.
“Estes equipamentos médicos poderão mostrar-se decisivos para todos aqueles que sejam afectados de modo mais crítico pela Covid-19, sobretudo numa altura em que os stocks mundiais se têm mostrado insuficientes para a elevada procura”, afirma a EDP em comunicado. A empresa informa que o material está disponível para transporte a 27 de março, prevendo-se que chegue a Portugal no final do mês, altura em que serão entregues ao ministério da Saúde.
No passado domingo, 22 de março, um avião da companhia aérea Beijing Capital Airlines, que habitualmente faz a ligação directa entre Portugal-China, transportou cerca de quatro toneladas de ajuda humanitária para Portugal. Perto das 16 horas, descolou com 160 cidadãos chineses a bordo, que quiseram ser repatriados. Na próxima semana, a companhia já revelou que transportará mais material necessário da China para Portugal e que os cidadãos chineses que queiram regressar à China entrem em contacto com a companhia. A Beijing Capital Airlines aproveitou para informar que a viagem da China para Portugal será sempre sem passageiros a bordo.
Ontem, segunda-feira, 23 de março, durante a habitual conferência sobre a evolução da Covid-19 em Portugal, António Sales, secretário de Estado da Saúde, garantiu que o estado português vai comprar cerca de quatro milhões de máscaras à China para o combate ao surto. “Ainda hoje, sai um avião com destino à China para trazer material”.
Também em comunicado, Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, revelou que a Santa Casa da Misericórdia de Macau garantiu que vai enviar um milhão de máscaras para ajudar as Santas Casas em Portugal. O material deverá, contudo, demorar cerca de três semanas até chegar ao território nacional. Ainda assim, será uma importante oferta já que muitas misericórdias vivem actualmente problemas de escassez de equipamentos de Protecção individual.
Além do Governo Chinês, cidades como Pequim, Xangai, Shenzhen, Zhuhai e Shenyang têm doado a cidades portuguesas materiais de protecção.
A cidade de Shenyang doou à cidade de Braga no final da semana passada 10 mil máscaras médicas descartáveis e 500 kits médicos de protecção individual para ajudar a prevenir e controlar a pandemia. “Na China, passa-se da palavra à acção. Shenyang irá enviar no início da próxima semana materiais de protecção para Braga. Juntos, venceremos”, escreveu Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, nas redes sociais.
Já a cidade de Shenzhen respondeu ao apelo da cidade do Porto e enviará cerca de 50 ventiladores até ao final desta semana. Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, afirma que “a autarquia está a tratar de questões logísticas de transporte”.
Em Vila do Conde, a comunidade chinesa residente doou no final da tarde desta segunda-feira 1500 máscaras cirúrgicas ao município, transmitindo a mensagem de preocupação e solidariedade com a população portuguesa. À comunicação social, Elisa Ferraz, presidente da Câmara Municipal, disse que metade das máscaras seguiram para o Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde para proteger quem mais necessita – os profissionais de saúde e os mais debilitados.
Também no Norte, região mais afectada pela pandemia, a comunidade chinesa de Vila Nova de Gaia doou mil máscaras ao centro de despiste do Covid-19 da cidade.
Em todo o mundo, o novo coronavírus já infectou mais de 345 mil pessoas, das quais 15.100 morreram. Em Portugal, até ao momento, há 33 mortes e 2.362 infectados. Dos infectados, 203 estão internados, sendo que 48 encontram-se nas unidades de cuidados intensivos.