Comunidade chinesa prepara reabertura de lojas e restaurantes

Pequim e províncias chinesas apoiam os imigrantes mais afetados em Portugal.

A comunidade chinesa em Portugal começa a preparar a reabertura de lojas e restaurantes em ritmo lento até 2021. Embora esta semana várias superfícies comerciais com 200 metros quadrados tenham aberto, a maior parte do comércio chinês – com excepção de algumas lojas de venda  de frutas e legumes, concentradas em Lisboa e Porto –  continuam de portas fechadas. 

“Muito poucos restaurantes optaram por trabalhar em regime de take-Away ou de entregas ao domicílio, que são ainda os permitidos neste primeiro período de estado de calamidade […] No que toca ao retalho tradicional, os negócios estão fechados porque quase todos os espaços são de maior dimensão, face ao permitido por lei até ao momento”, disse Y Ping Chow, Presidente da Liga dos Chineses em Portugal, em entrevista ao Jornal de Negócios. 

“A maior parte do comércio chinês espalhado pelo país ainda não reabriu ao público, apesar do fim do estado de emergência. No Porto, algumas até encerraram em definitivo devido à pandemia”.

Ainda assim, e face à situação actual, o representante desta comunidade adiantou que vários empresários chineses prepararam a reabertura dos seus negócios no dia 18 de maio, mas que aguardam ainda indicações e recomendações das autoridades portuguesas. “A reabertura vai começar lentamente. Não vamos ter muita afluência, mas vamos começar a trabalhar […] Pelo menos este ano ou até ao início do próximo ano vai ser uma época muito negra para os negócios de chineses”. 

Quanto aos mais afectados, Y Ping Chow não duvida que serão os restaurantes, não só por terem novas regras de higiene e de segurança, incluindo horário reduzido e limite a 50% da lotação máxima, mas também devido à quebra esperada no turismo e nos negócios, reduzindo “os grupos de excursões, as visitas de empresários e de entidades oficiais” provenientes do gigante asiático.  

Questionado sobre a discriminação de que a comunidade chinesa residente em Portugal sentiu ao ser associada ao Covid-19, Y Ping Chow afirma que foi uma discriminação muito injusta e que afastou muitos clientes dos artigos e da comida chinesa entre janeiro e fevereiro. Com registo de apenas um infectado na comunidade chinesa em Portugal, o presidente acredita e espera que esse preconceito já tenha passado e afirma querer acreditar que em Portugal a ideia de que o vírus fosse chinês nem sequer passou. 

Portanto, neste momento “não há razão para acreditar que as lojas chinesas serão afetadas por alguma [má] imagem. Mais certo parece ser o “muito prejuízo” já registado até agora, embora a estrutura empresarial chinesa está montada com uma autossuficiência bastante grande […} Tenho até conhecimento de que algumas firmas recorreram a gabinetes de contabilidade para tratar da burocracia com a Segurança Social e aderir ao regime de lay-off simplificado, disponibilizado pelo Governo português. 

Apoios a empresários chineses 

Sem precisar o número de espaços chineses que recorreram ao lay-off, o presidente da Liga dos Chineses em Portugal revela que várias empresas aderiram ao regime disponibilizado pelo governo português. Para os funcionários, “há apoios institucionais que estão a ser concedidos pelo estado chinês, que criou uma estrutura em Lisboa para ajudar pontual e financeiramente quem estiver mesmo aflito ou em dificuldades [..] Têm o contributo inicial do governo central e nela participam várias associações ligadas à comunidade no país”. 

Além disso, as autoridades de cada província estão a enviar aos imigrantes provenientes da sua região um valor que “não é grande, mas dá sempre para desenrascar” e também “umas doses de receitas de medicina tradicional chinesa para a prevenção” da pandemia provocada pelo novo coronavírus. 

 

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