A União Europeia (UE) e a China devem concluir um acordo de investimento “em breve”, após sete anos de negociações, confirmou hoje em comunicado o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi. Portugal faz parte do acordo.
Wang, que se reuniu com os embaixadores dos 27 países da UE, em Pequim, na segunda-feira, tornou-se o primeiro governante chinês a enfatizar a possibilidade de o acordo ser selado em breve.
“Esperemos que a China e a Europa cheguem a um consenso sobre o acordo abrangente de investimento”, afirmou Wang aos embaixadores, de acordo com o comunicado difundido hoj […] Mais uma vez, ficou provado que o âmbito da cooperação China – UE é muito superior ao da competição, e que [as áreas de] consenso são muito maiores do que as diferenças”.
Durante a cimeira virtual China – UE, que se realizou em setembro passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, e os seus parceiros europeus, concordaram em concluir as negociações antes do final do ano.
As discussões estão a ser “intensas” e “foram feitos progressos em várias áreas”, revelou na semana passada um porta-voz da Comissão Europeia. As negociações, que começaram em novembro de 2013, visam proteger mutuamente os investimentos europeus na China e os investimentos chineses na UE.
O acordo tornaria, por exemplo, mais fácil aos investidores da UE comprarem participações em empresas chinesas, visando tornar a relação recíproca. Empresas chinesas realizaram grandes aquisições na Europa, incluindo em Portugal, mas os europeus reclamam que o acesso ao mercado chinês é ainda muito restrito.
Uma declaração difundida hoje pela delegação da União Europeia na China revelou que o embaixador da UE em Pequim, Nicolas Chapuis, lembrou a Wang Yi que o objectivo é finalizar as negociações até ao final deste ano.
A parte da UE levantou questões sobre direitos humanos, alterações climáticas, a resposta da China à pandemia de covid-19 e as “implicações das restrições para as empresas e cidadãos europeus”, segundo o comunicado. Também foram levantadas preocupações sobre as restrições à liberdade de imprensa e ao livre fluxo de informação na China.
A recusa de Pequim em ratificar as normas da Organização Internacional do Trabalho sobre trabalho forçado tornaria politicamente difícil para o Parlamento Europeu – cujo apoio é vital para validar o acordo – votar a seu favor.