As instituições de ensino portuguesas têm cada vez mais alunos de nacionalidade chinesa. Entre 2010 e 2019, o número aumentou 54,4%. 2018/2019 foi o ano lectivo com mais estudantes chineses inscritos, alcançando pela primeira vez o sétimo lugar das nacionalidades com maior número de alunos matriculados em Portugal. Os dados são da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC).
Desde o ano de 2010/2011 o crescimento do número dos alunos tem sido contínuo. Nesse ano, matricularam-se 1839 alunos. Em 2018/2019, 4053!
No ano lectivo 2009/2010 , inscreveram-se no Ensino Básico 1152 alunos de nacionalidade chinesa e no ensino secundário 211, ocupando a 14ª nacionalidade estrangeira com mais alunos em Portugal. Desde então, os números de estudantes chineses nas instituições de ensino portuguesas têm vindo a aumentar continuamente. Os dados enviados recentemente pela DGEEC, indicam que no ano de 2018/2019, 4053 alunos chineses matricularam-se em Portugal!
A Direcção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência publica todos os anos lectivos o Perfil do Aluno. “Uma publicação que pretende apresentar informação estatística oficial que discrimina indicadores associados a crianças inscritas na educação pré-escolar e alunos matriculados nos Ensino Básico (1º, 2º e 3º Ciclo) Secundário, Pós-Secundário (não superior) e Superior”.
Nos dados enviados ao Ni Hao Portugal, verifica-se que o ano lectivo 2018/2019 alcançou o recorde no número destes estudantes nos diferentes níveis de ensino. No Ensino Básico, matricularam-se 2241 alunos, no Secundário 516 e 1296 no Superior. Além disso, esse ano alcançou o sétimo lugar por entre as nacionalidades com maior número de alunos inscritos, um lugar nunca antes alcançado. Nos últimos nove anos lectivos, a China tem-se fixado entre o oitavo e décimo quarto lugar.
A partir do ano lectivo 2011/2012 , a DGEEC começou a apresentar os resultados segmentados no ensino superior – Curso Técnico Superior Profissional, Licenciatura (1ºCiclo), Especialização Pós-Licenciatura, Mestrado Integrado, Mestrado (2ºCiclo) e Doutoramento (3º Ciclo). Nesse ano, 160 alunos chineses inscreveram-se no 1º ciclo, 21 no Mestrado Integrado, 73 no 2º ciclo e 79 no 3º ciclo. Não houve inscrições para os Cursos Técnicos Superiores Profissionais, nem para as Especializações Pós-Licenciatura. Nesse ano, inscreveram-se 649 alunos de nacionalidade chinesa em instituições portuguesas. No último ano, 1296!
Os últimos dados adiantam que em 2018/2019, os resultados foram superiores em comparação com outros anos. À excepção da Especialização Pós-Licenciatura, todos os outros níveis de ensino cresceram substancialmente. Nos Cursos Técnicos Superiores Profissionais matricularam-se 6 alunos de nacionalidade chinesa, nas licenciaturas 601, mestrados integrados 56, mestrados 2º ciclo 426 e doutoramento 205. Relativamente à Especialização Pós-Licenciatura, apenas dois alunos da nacionalidade matricularam-se, menos quatro que nos últimos dois anos lectivos (continuam ambos com o recorde de seis alunos).
Outro dado publico é referente ao género dos alunos inscritos. Quanto à nacionalidade chinesa não há dúvidas! Há mais estudantes do sexo feminino a estudar do que o masculino, à excepção de 2012/2013.
Línguas, direito, gestão e administração são os cursos superiores com maior número de estudantes chineses. Na área geográfica, Lisboa é a cidade mãe. Concentra 3820 alunos chineses! Segue-se Aveiro, Braga, Coimbra e Porto. Quanto aos estabelecimentos de ensino, 82,84% frequenta instituições públicas. Já no ensino superior, 90,1% escolhe as universidades, os restantes politécnicos.
Estudantes de nacionalidade chinesa inscritos no ensino superior português, por nível de formação (2014/15 a 2018/19)
Fonte: DGEEC
2014/2015 | 2015/2016 | 2016/2017 | 2017/2018 | 2018/2019 | |
Curso Técnico Superior Profissional | 3 | 2 | 3 | 3 | 6 |
Licenciatura 1º Ciclo | 234 | 390 | 468 | 530 | 601 |
Especialização Pós-Licenciatura | 1 | 1 | 6 | 6 | 2 |
Mestrado Integrado | 37 | 47 | 45 | 55 | 56 |
Mestrado 2º Ciclo | 188 | 250 | 313 | 369 | 426 |
Doutoramento 3º Ciclo | 186 | 261 | 169 | 177 | 205 |
Total de alunos inscritos | 649 | 951 | 1004 | 1140 | 1296 |
Educação associa-se ao Estatuto Social
Actualmente, a China ocupa uma posição central no plano internacional, a nível político, económico, linguístico, social e cultural, consequência da sua política de abertura ao mundo, fruto do seu desenvolvimento económico. Nos últimos trinta anos, sofreu grandes transformações, nomeadamente nas reformas educativas e na migração de estudantes para instituições de ensino na Europa e nos Estados Unidos da América.
Durante esse período, mais de um milhão de estudantes chineses saíram do país para estudar em universidades estrangeiras. Estados Unidos da América e Reino Unido são os destinos eleitos.
Na cultura chinesa, a educação associa-se ao estatuto social e é considerada um valor social, uma forma de cidadania e de prosperidade.
O objectivo principal de aprendizagem é preparar bons cidadãos para uma sociedade justa. O trabalho árduo leva ao sucesso educativo e consequentemente a uma vida melhor. Esse pensamento permite justificar as razões pelas quais os estudantes chineses, independentemente do nível educativo, e ultrapassada a barreira da língua, obtenham os melhores resultados na escola, mais do que qualquer outra nacionalidade.
Uma característica que distingue esta cultura de outras é a decisão de migrar para estudar. Nos últimos anos, o número de estudantes chineses que migram tem vindo a crescer e o parâmetro idade é cada vez mais precoce. No início, as famílias enviavam os filhos para países estrangeiros para ingressarem em estabelecimentos de ensino superior. Hoje, já começam a migrar para frequentarem o ensino secundário!
Entre 1978 e 2008, estima-se que mais de 1,4 milhões de chineses foram para o estrangeiro estudar. Em 2011, o Jornal Financial Times15 noticiou que 380 mil adolescentes saíram da China para estudar, um aumento de 30% em termos homólogos. No ano seguinte, cerca de um 1 milhão e 270 mil chineses estudavam no estrangeiro.
Um estudo feito pela Universidade de Lisboa revela que “para os estudantes de nacionalidade chinesa, a sua escolarização é muito importante. Isso verifica-se nos seus depoimentos, quando admitem que estudam muito tempo diário, cerca de doze horas, muitas vezes após a frequência escolar e mais do que a carga horária laboral dos pais”. Sun Bao Hong, Académico de Ciências Sociais da Universidade de Xangai é citado no estudo. “A educação chinesa é demasiado orientada para resultados de exames […] As crianças de outros países não são submetidas a um programa escolar tão intenso. A carga psicológica exercida sobre estes estudantes [nacionalidade chinesa] é de tal modo forte que os períodos de descanso são quase inexistentes, levando nalguns casos à exaustão psicológica”.
O mesmo estudo refere que a educação superior é vista como uma forma privilegiada de atingir o sucesso profissional. As áreas mais procuradas são o ensino, negócios, diplomacia, tradução e comunicação social. Uma resposta dos inquiridos no estudo revelou a importância que a língua portuguesa tem atualmente para os estudantes chineses. “Qualquer pessoa que tenha conhecimento da Língua Portuguesa tem emprego garantido na China”.
Em Portugal, verifica-se cada vez mais alunos chineses a frequentarem instituições de ensino, quer sejam no Ensino Básico, Secundário ou Superior. Uma das razões que justificam esse fenómeno, são os protocolos de cooperação assinados entre Portugal e a China para promover o intercâmbio entre professores e estudantes das instituições portuguesas e chinesas.
O interesse pelas duas línguas tem crescido e prova disso é que Portugal começa a entrar na geografia educacional dos países eleitos pelos estudantes chineses para estudar. Actualmente são a sétima maior do país!