Decorreu, ontem, 27 de setembro, a apresentação do livro “O Macaense- Identidade, Cultura e Quotidiano”, no âmbito do Colóquio Portugal-China 20/20, organizado pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa. Cerca de 50 pessoas compareceram.
Para Roberto Carneiro, principal impulsionador e coordenador do projecto, a comunidade macaense merece uma cuidada análise e maior visibilidade no mundo.
“Os macaenses são designados vulgarmente pelos chineses por “Tou sán”, ou seja, filhos da terra, nascidos na terra”, revela o escritor. Mas, a verdade, é que o conceito de macaense vai muito além da ideia da naturalidade, isto porque “as bases do povo macaense, culturais e linguísticos são de matriz portuguesa”. A comunidade macaense é uma comunidade “dispersa e facilmente encontramo-la em Portugal, Austrália, Brasil, Estados Unidos e no Canadá”.
Como tal, nos últimos anos, entre 2012 e 2015, foram promovidos três colóquios com o principal objetivo de discutir vários assuntos sobre a comunidade, não só no país, como em todo o mundo. Ainda assim, o escritor percebeu que essas iniciativas não eram suficientes para a divulgação de Macau no mundo e, nesse sentido, surgiu a ideia de construir um livro que abordasse a comunidade macaense tal como ela o é.
Para tornar o projecto o mais verdadeiro possível, o escritor decidiu convidar diferentes autores, portugueses e macaenses, para escrever o livro, com apenas uma indicação – os artigos tinham que integrar a identidade, a cultura e o quotidiano de um cidadão macaense. Após uma fase de seleção, o coordenador escolheu 22 capítulos de 22 autores.
Cada capítulo, aborda uma temática diferente. A identificação das principais instituições macaenses de matriz portuguesa; A figura feminina; Macaenses: identidade e futuro; e Biografia e etnicidade de macaenses em Portugal são alguns dos temas abordados ao longo da obra.
Como forma de preservar a cultura e os valores tradicionais de todos os macaenses, António Monteiro, um dos escritores, escreveu os elementos que considera serem caracterizadores da comunidade macaense – o patuá, a culinária, a arte e a música, a religião, as festividades, a diáspora e o Ano Novo Chinês são as mencionadas.
“Macau é um banho de diversidade. Macau é surpreendente. Macau apaixona. Macau contraria e seduz. Macau entra na nossa pele e não sai mais. Macau não seria Macau sem os macaenses”, diz Carlos Frota, um dos escritores do livro no seu capítulo “Uma odisseia macaense”.
Hoje, decorridos 20 anos desde a entrega da soberania de Macau à República Popular da China e do estabelecimento da Região Administrativa Especial, Macau apresenta-se como um Centro Mundial de Turismo e Lazer.
Na apresentação, o impulsionador do projecto não deixou passar a oportunidade de agradecer a todos aqueles que contribuíram para a concretização deste livro, num especial agradecimento ao Professor Doutor José Manuel Simões, ao Doutor Jorge Rangel, ao Professor Fernando Chau. Além disso, Roberto Carneiro anunciou que para que a página do CEPCEP continuará a aceitar textos de potenciais autores que desejarem escrever sobre a trilogia do livro. Embora o suporte físico já esteja publicado, os textos seleccionados serão, posteriormente, publicados em suporte digital.
“O Macaense” é um livro que tem como parceiro a Fundação Macau e conta com a organização do Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa, University of Saint Joseph e do Insituto Internacional de Macau.
A ilustração é de Luís de Abreu e integra a coleção 25 dos Estudos e Documentos.
A partir de hoje, o livro estará exposto nas livrarias portuguesas e em breve será lançado em Macau, embora ainda sem data marcada.