Portugueses e chineses uniram-se no fim de semana passado (18 e 19 de Janeiro) para darem as boas vindas ao novo Ano Novo Chinês, que se assinala no próximo dia 25 de Janeiro. Tal como aconteceu noutros anos, a Alameda Dom Afonso Henriques, em Lisboa, foi a anfitriã desta festividade milenar.
No sábado, o Ni Hao Potugal foi espreitar os festejos e saber mais sobre esta celebração que aos poucos começa a crescer em Portugal.
Como no ano passado, o Desfile Chinês começa junto à Igreja dos Anjos, percorre toda a Avenida Almirante Reis e termina na Fonte Luminosa (Alameda). Na Avenida Almirante Reis, são muitos os que aguardam pelo Desfile Chinês, momento alto das celebrações. Passava pouco das 11.15 horas quando começámos a avistar, no início da avenida, os primeiros elementos a desfilar.
Organizado pela Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa e a Embaixada da China –, que junta as principais associações e representantes do país em Lisboa, o desfile reúne centenas de figurantes, incluindo equipas de dança do dragão, de artes marciais, de bailado e de teatro. Além dos grupos portugueses e da comunidade chinesa em Portugal, estão presentes uma grupeta de Shanxi, província da China, e outra de Macau. Miúdos e graúdos divertem-se ao mesmo tempo que demonstram as suas tradições, com dança, sorrisos, dragões e muitas lanternas a guiar o percurso. O vermelho, como é tradição nos festejos do ano novo chinês, é o rei do desfile.
Desfile do Ano Novo chinês em Lisboa em vídeo:
Findo o desfile, é altura de conhecer melhor a cultura chinesa, através dos 45 quiosques colocados nas duas extremidades do jardins da Alameda. Destaque para as bancas de comida, o artesanato, as vestes e alguns espaços para saber mais sobre os hábitos e a cultura chinesa.
Junto ao palco, está um grupo de quatro jovens portugueses, Luís, Cristiana, Rita e João, com idades entre os 21 e os 23 anos. São de Almada e pela primeira vez estão nas celebrações do Ano Novo Chinês. Acabam de almoçar “massa fina com legumes” e preparam-se para encontrar um lugar que sirva um doce típico para sobremesa.
Luís Gonçalves, 22 anos, diz que “é a primeira vez que viemos cá e estamos a gostar, não sabíamos que esta celebração tinha esta grande adesão […] Soube através da televisão que o evento ia acontecer este fim de semana e despertou-me curiosidade. Falei com os meus amigos e então decidimos vir cá hoje e ver como é o Ano Novo Chinês em Lisboa”. De todas os espaços, os que despertaram mais atenção foram “as bancas de comida e o artesanato”.
Além de experimentar os sabores chineses, Luís espera comprar uma peça de artesanato de madeira escura que viu quando chegou, “mas ainda vou tentar negociar o preço”, revela com um sorriso na cara e uma pequena gargalhada. O grupo espera voltar no próximo ano e poder novamente assistir ao desfile, “quem sabe integrar até um grupo e participar”.
No palco, o Grupo de Artes Marciais do Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro prepara-se para actuar. A curiosidade fala mais alto e são muitos os que assistem às demonstrações de artes marciais do colectivo, constituído por cerca de dez elementos. Terminada a demonstração,está na altura para mais momentos de convívio e de experiências culturais.
Despedimo-nos dos nossos entrevistados e vamos até ao espaço do Centro de Serviços e de Apoio à Comunidade Chinesa em Portugal, para uma experiência diferente. Um simples cartaz, pregado na madeira revela a sua missão: “Quer saber o seu nome em Chinês? 3€”.
Na fila, são várias as pessoas curiosas que aguardam pela sua vez. À sua espera, está Ji Yuang, um chinês que vive há 21 anos em Portugal. Fala bem português, é casado e tem 2 filhas. Está em representação do Centro de Serviços e de Apoio à Comunidade Chinesa em Portugal e é um dos intérpretes de serviço: “Maria, Teresa e Diogo, são alguns dos nomes que já vieram cá”. São 15 horas e Yuang diz que já atendeu cerca de três dezenas de “curiosos”.
Este ano, “o evento está muito melhor em comparação com os outros […] Está mais organizado, mais versátil e até agora teve uma maior adesão”. A China é uma cultura cada vez mais presente na sociedade portuguesa e aos poucos os portugueses começam a querer saber mais desta cultura. Por esta razão, a celebração do Ano Novo Chinês em Lisboa tem crescido e nesta edição foram muitos os portugueses que se deslocaram até à Alameda para saber mais sobre a cultura chinesa. “Ao longo dos anos, os portugueses são cada vez mais […] As boas relações entre Portugal e a China, assim como a importância da cultura chinesa para os portugueses, justifica esta afluência tão grande em Alameda”, conclui o nosso intérprete.
Antes de nos irmos embora e deixar o Sr. Ji Yuang trabalhar, não podemos deixar passar a oportunidade de saber como se dizem os nomes dos nossos repórteres em chinês. Apesar de não entendermos a língua e por esta razão não conseguirmos reproduzir correctamente a tradução feita “ao momento”, foi uma experiência a repetir.
Entre conversas e risos, apresentações artísticas e muitas palmas, a tarde vai avançada e os grupos vão desfilando no palco. Dança, canções, folclore e música transformam, por uma tarde, esta zona da cidade. São 17.30 horas e está na hora de regressar a casa.
No dia seguinte, (domingo), a partir das 10 horas, a festa continuou. O fim das festividades, pelas 18 horas, encerrou – de acordo com os visitantes e participantes – a melhor edição realizada, até agora, das celebrações do Ano Novo Chinês em Lisboa.
Agora, é altura de os portugueses aguardarem pelas celebrações do próximo ano, enquanto que os chineses, de 24 para 25 de Janeiro, celebram a chegada do Novo Ano, que este ano traz consigo o Signo Rato, o primeiro dos doze signos do horóscopo chinês.