A Liga de Chineses em Portugal está atenta ao impacto que o alarme sobre o coronavírus possa causar no comércio e pede calma. E frisa: é importante que as autoridades portuguesas, oficiais ou não,colaborem com as associações e instituições chinesas de modo a evitar alarmismos.
Em declarações ao Ni Hao Portugal, o Presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, reitera que não há razões para alarmismos em Portugal e que estão a ser tomadas as devidas medidas de prevenção.
A Liga dos Chineses procura junto das entidades oficiais portuguesas “tentar tranquilizar os portugueses, queremos dizer-lhes [comunidade portuguesa] que não deixem de frequentar estabelecimentos comerciais, como lojas e restaurantes, assim como conviver e estar perto de pessoas chinesas, por receio”
Neste sentido, reuniu, esta segunda-feira, com a Presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde, Eliza Ferraz, para “criar um grupo de trabalho, de ligação e de contactos para acalmar a comunidade portuguesa”.
Após o encontro, a autarca de Vila do Conde, explicou ao Ni Hao Portugal que a reunião objectivou esclarecer e criar privilegiados de prevenção para o caso de alguma situação acontecer no concelho de Vila do Conde.
“Sem alarmismo, foi constituído um grupo de trabalho para agir caso surja uma suspeita ou um foco da doença no concelho. É apenas uma acção preventiva, porque temos de seguir os protocolos a nível nacional”. Na reunião, foi realçado que o protocolo é comum para todo o país, sendo a responsabilidade da Direcção Geral da Saúde.
Os cidadãos chineses que viajaram para a China para celebrar a passagem de ano não pertencem à Província de Hubei, província mais afectada até ao momento pelo Coronavírus. “Em Portugal, nenhum imigrante chinês pertence a essa província”, esclarece Y Ping Chow .
Além dos imigrantes, o presidente da Liga de Chineses garante também que os comerciantes e os fornecedores chineses não têm, até ao momento, ligações com essa região.
Quanto à comunidade chinesa residente em Portugal, “está totalmente tranquila, sem receios e confiantes com as decisões da China […] Está mais informada que a comunidade portuguesa, estando mais calma e serena que os portugueses”.
Y Ping Chow quer também que a opinião pública saiba que a comunidade chinesa está “calma e preparada e que tem em marcha várias iniciativas.
Em articulação com a Embaixada da China em Portugal, a Liga tem em curso uma angariação de fundos para recolher por todo o país diversos materiais – máscaras, vestuário e óculos de protecção. O objectivo é, até ao final desta semana, enviar alguns desses materiais para as províncias mais necessitadas, nomeadamente a Província de Hubei.
Está também a informar a comunidade chinesa sobre as medidas a adoptar na prevenção de eventual contágio, assim como o aconselhar, a que quem chegue da China, para que fique em auto-isolamento, pelo menos durante 14 dias.
Um dos aspectos que preocupa Y Ping Chow é a relação comercial entre China e Portugal que pode “passar por dificuldades”, até por causa das normas de segurança agora impostas e receia que o “medo de contágio” afaste os portugueses dos negócios geridos pelos chineses e que estão espalhados por todo o país, nomeadamente lojas e restaurantes, o que seria um “grande problema”, conclui Y Ping Chow.
Segundo o presidente da Liga dos Chineses em Portugal, é fulcral que todas as autoridades portuguesas, oficiais ou não, colaborem com as associações e instituições chinesas de modo a evitar alarmismos.
Neste sentido, espera reunir esta quarta-feira com a Secretária de Estado das Migrações, a qual vai convidar para uma visita ao comércio da comunidade chinesa, aguardando por uma resposta positiva para “um sinal de apoio político”.
“Era importante que os poderes públicos e os políticos se juntassem mais com a comunidade chinesa”, sustenta.
Entretanto, em nota de imprensa enviadas às redacções no passado sábado, a Embaixada da China em Portugal afirma que “já estabeleceu um mecanismo eficiente de comunicação e intercâmbio com as autoridades de saúde portuguesas […] Temos a esperança e confiança de que a comunidade internacional, incluindo a parte portuguesa, consigam fazer avaliações objectivas e justas sobre a epidemia de forma tranquila e racional”.
Em relação aos cidadãos estrangeiros que vivem na China, inclusive portugueses, “o governo chinês continuará a assumir obrigações internacionais, responder atempadamente às suas preocupações e assegurar a segurança deles”.
.