Coronavírus: Regresso ao trabalho poderá elevar número de infectados? 

Segundo as autoridades, esta semana será decisiva e tudo poderá mudar, já que milhares de pessoas regressaram hoje aos seus empregos. 

Esta segunda-feira marca o regresso ao trabalho de milhares de cidadãos chineses, após a interrupção prolongada para as celebrações do Ano Novo Chinês. O risco de agravamento da epidemia é elevado e as autoridades acompanham de perto os desenvolvimentos desta situação. Especialistas defendem que as duas próximas semanas serão decisivas para o contágio do coronavírus. 

As autoridades da China anunciaram esta segunda-feira que aumentaram os pontos de verificação da febre nas cidades mais afectadas e que todas as medidas de prevenção estão a ser aplicadas. Ainda assim, recomendam  que os cidadãos  não permaneçam nas ruas e que após o trabalho regressem novamente às suas casas.

A maioria das faculdades e universidades, encerradas para as celebrações do Ano Novo Chinês, optaram por não abrir portas, adiando o regresso às aulas por mais uns dias, até que a situação comece a estabilizar-se. 

Ontem, o “Le Monde”, publicou um artigo  dando conta de que “esta semana tudo pode mudar”. O jornalista Frédéric Lemaître, autor do artigo, diz que por um lado a China corre o risco de agravar a epidemia, já que muitos milhões de chineses regressam hoje ao trabalho, e por outro acrescenta que há também o risco político, já que as críticas às autoridades e às suas acções estão a aumentar em todo o mundo. 

Lemaître acrescenta ainda que vários cientistas afirmam que as próximas duas semanas serão cruciais para perceber como evolui o surto de coronavírus. “Baseado em modelos matemáticos, as previsões dos cientistas apontam para que o pico da doença aconteça entre meados e finais do mês [Fevereiro]”, estimando que um em cada vinte pessoas na cidade de Wuhuan poderão ser infectadas. 

Até ao final da manhã desta segunda-feira, as autoridades chinesas elevaram o número de óbitos para 910 e de infectados para mais de 40 mil (40.171), havendo ainda 23.589 suspeitas, segundo os dados da Comissão Nacional de Saúde da China. 

A cidade de Wuhuan, cidade chinesa onde o vírus 2019-nCoV surgiu, continua de quarentena desde 23 de Janeiro e não há data ainda estabelecida para o seu fim.

Com cerca de 11 milhões de habitantes, a cidade continua deserta e todos os estabelecimentos, à excepção dos de emergência, continuam encerrados. 

Os habitantes da cidade entraram hoje na terceira semana de encerramento de todos os estabelecimentos e todo o tipo de transportes. Depois dos transportes, na semana passada as autoridades proibiram a circulação de viaturas privadas pela baixa da cidade.

É a maior quarentena da história e Wuhuan é agora uma cidade fantasma com as autoridades a não deixarem ninguém entrar ou sair. 

Até ao momento, não se sabe quando é que a ordem de quarentena será suspensa. 

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No sábado, as autoridades oficiais de Hubei, Província da Cidade de Wuhuan, anunciaram que iriam suspender a partir de hoje, segunda-feira, os registos de casamento e que as cerimónias fúnebres terão que ser encurtadas.

O Ministério da Administração Interna solicitou que os funerais sejam realizados de uma maneira simples e rápida para evitar a concentração de pessoas e que os corpos das vítimas mortais devem ser, obrigatoriamente, cremados. 

No comunicado emitido, as autoridades adiantam ainda que todos os cidadãos envolvidos nos funerais terão que usar protecção (máscaras, fatos e óculos) e aconselham a que meçam a temperatura frequentemente.

Este domingo foi o dia mais trágico desde que o vírus foi detectado.

Foram registadas 97 mortes – 91 ocorreram na Província de Hubei, o epicentro da epidemia – e mais de três mil novos casos de infecção em todo o território da China. Além do território continental chinês e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais 350 casos de contágio confirmados em 25 países. 

Em Singapura, há registo de mais sete pessoas infectadas e no Brasil 11. Na Europa, foram anunciados até ao momento 39 casos de contágio, após ontem  terem sido detectados mais dois novos casos, em Espanha e  no Reino Unido. Em Portugal, não há para já casos de infecção a assinalar. 

Esta manhã, foram diagnosticadas quatro pessoas no Reino Unido, elevando assim para oito o número de infectados no país. 

No Japão, o navio cruzeiro que está de quarentena desde a semana passada nos mares do sudoeste de Tóquio, com 3700 passageiros e tripulantes, anunciou este domingo que existem 136 casos de pessoas infectadas a bordo.

O navio Diamond Princess encontra-se ancorado há exactamente uma semana (segunda-feira, 3 de Fevereiro) no largo da costa da Cidade de Yokohama.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a 30 de Janeiro que se trata de uma situação de emergência de saúde pública internacional e afirmou que o número de casos de infectados começa aos poucos a estabilizar, sendo ainda assim cedo para assumir que a epidemia começa a ser travada. 

Num tweet publicado ontem, o Director-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, escreveu que o contágio fora da China é mais lento e adiantou que a OMS “vai reunir esta semana na sua sede, em Genebra (Suiça), com cerca de 400 especialistas mundiais que possam ajudar na luta contra a doença”. Ghebreyesus escreveu ainda que todos os países devem preparar-se para a possível chegada do vírus dentro das suas fronteiras. “Numa emergência de saúde pública, todos os países devem intensificar os esforços e preparar a possível chegada do 2019-nCoV e tentar contê-lo, caso chegue”. 

Esta segunda-feira, um grupo de peritos da OMS viajou para Pequim para ajudar a investigar os contornos deste vírus e procurar novas soluções para a disseminação do mesmo.

Até ao momento, o novo Coronavírus já matou 910 pessoas, ultrapassando a Síndrome Respiratória Aguda Grave, que entre 2002 e 2003 matou 774 pessoas em todo o mundo, a maioria na China. Das 910 vítimas mortais, apenas duas sucederam fora da China Continental, nas Filipinas e Hong Kong. 

Em Portugal, o Presidente da Liga de Chineses em Portugal, Y Ping Chow afirma que não há motivo para alarmismos e que a comunidade portuguesa não tem que ter receio de frequentar estabelecimentos comerciais chineses ou estar nos mesmos espaços que cidadãos chineses.  

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