A Liga dos Chineses de Portugal, a maior associação da comunidade chinesa e dos seus descendentes em Portugal, está ofendida ao ter tomado conhecimento da frase usada por um tribunal português ao referir-se, em despacho judicial, à Covid-19 como se tratasse de um “vírus chinês”.
No despacho judicial, de 2 de abril, a que o Ni Hao Portugal teve acesso, verifica-se que o magistrado do Juízo Central Criminal de Lisboa escreve que “devido ao surto pandémico que Portugal está a atravessar, causado pelo vírus chinês (Covid-19), não se mostra aconselhável, devido ao perigo de contágio, reunir num espaço fechado várias dezenas de pessoas, como seria o caso da leitura do acórdão para amanhã designada”.
Esta sexta-feira, 17 de março, a associação enviou uma carta ao Conselho Superior da Magistratura (CSM) e à Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados (CDHOA), a lamentar o uso da expressão alegando discriminação racial ou comportamento xenófobo.
Na carta enviada, Y Ping Chow, presidente da Liga dos Chineses em Portugal, afirma que “não fomos capazes de qualificar se o termo contém o sentido de discriminação racial ou alguma tendência xenófoba e (ou) apenas o Magistrado Judicial deixou-se influenciar pela afirmação do presidente americano, mas devíamos e temos de procurar o verdadeiro sentido desta afirmação”.
Para Y Ping Chow, “sendo o Conselho Superior da Magistratura uma instituição credível e a Magistratura Judicial respeitada por toda a comunidade chinesa, gostaríamos de consultar-vos a fim de sabermos se houve erro na escrita por parte do magistrado”.