Ano Novo Chinês sob o signo do Boi

No dia 12 de fevereiro começa o novo ano chinês, que se estende até 31 de Janeiro de 2022.

O boi é o segundo signo do zodíaco chinês. Segundo a mitologia, foi o Imperador de Jade que organizou uma corrida para decidir quais os 12 animais que entravam no zodíaco chinês – por ordem de chegada. Ora, o boi ia terminar primeiro, mas acabou por ser o rato, que antes o convencera a dar-lhe boleia, quem saltou por cima da sua cabeça e chegou à meta primeiro. Agora que o Ano do Rato está a chegar ao fim, com o Boi a suceder-lhe no dia 12, a China – e o mundo – bem precisa para enfrentar uma pandemia e a crise económica consequente da fiabilidade do Boi, um signo cujos nativos se caracterizam por serem honestos e trabalhadores incansáveis, como o animal que os representa.

Mas será boi ou búfalo? “Em relação aos animais, na língua chinesa existe sempre uma designação geral para uma espécie. Por exemplo, a palavra “niu” serve para designar todos os animais com características de “niu”.

Depois, o ideograma “niu” é antecedido por um outro que funciona como adjetivo para distinguir diversas variedades da mesma espécie: shuiniu/búfalo (niu de água), huangniu/boi (niu de cor amarela), douniu/touro (niu de luta), maoniu/iaque (niu de “pelos compridos”), nainiu/vaca leteira (niu de leite).

A designação geral recebe também outros adjetivos para distinguir o macho da fêmea, por exemplo, gongniu refere-se a todos os nius machos, búfalo, boi, touro, iaque, enquanto muniu, búfala, vaca….”, explica Wang Suoying, a presidente da Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa.

Pequenos, grandes, dourados, brancos e pretos ou coloridos, de peluche ou papel. Na banca de Gong Linhua, em Wuhan, há bois – ou búfalos – para todos os gostos. O que quase não há são clientes no mercado da cidade chinesa onde há pouco mais de um ano começou a pandemia de covid-19. O cenário cheio de lanternas vermelhas assinala a época festiva, mas falta a agitação em torno das bancas de decorações e das carrinhas de comida de rua.

“É a primeira vez em 20 anos neste negócio que estou nesta situação”, explicou à Associated Press. As vendas de decorações para o ano novo lunar têm sido tão más, que a vendedora, de 60 anos, admite mesmo reformar-se mais cedo se a economia não recuperar.

E a China, onde a pandemia começou mas que, com rigorosas medidas de contenção, conseguiu manter o vírus muito mais controlado do que a maior parte dos outros países, até viu a economia crescer uns espantosos 6,5% no último trimestre de 2020 – fazendo subir a média do ano para um crescimento de 2,3% do PIB. Para 2021, em que se assinala o centenário do Partido Comunista Chinês, a previsão é que cresça 8,2% – um valor de fazer inveja, mas mesmo assim sem chegar aos dois dígitos a que habituou o mundo.

Apesar de tudo, também em Portugal, a comunidade chinesa está preocupada. ” No zodíaco chinês, o niu, aliás, o búfalo ou boi, é considerado laborioso, empenhado, com os pés bem assentes no chão. Olhando para a história, em 2009, Ano do Búfalo anterior, a pandemia de gripe A (H1N1) tirou muitas vidas humanas e, com a luta árdua durante todo o Ano do Búfalo, a humanidade ganhou a vitória, oficialmente declarada pela Organização Mundial da Saúde um ano depois, no Ano do Tigre”, recorda a professora Wang.

Para a docente da Universidade de Aveiro e investigadora do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa, “o Ano do Búfalo, 2021, será um ano de trabalho em que a humanidade aprende a conviver com a pandemia, com o cumprimento rigoroso das medidas profiláticas”.

Em Lisboa, a festa também se faz, com a comunidade chinesa, a cumprir as regras sanitárias para manter a tradição viva. “Algumas ruas de Lisboa estão decoradas com lanternas tradicionais chinesas, vermelhas, para trazer a todos alguma boa sorte, pois a cor vermelha é a cor de sorte e felicidade na cultura chinesa.

“Algumas ruas de Lisboa estão decoradas com lanternas tradicionais chinesas, vermelhas, para trazer a todos alguma boa sorte, pois a cor vermelha é a cor de sorte e felicidade na cultura chinesa. Vamos trabalhar com o espírito do búfalo e esperamos, com convicção, que a vitória contra a pandemia de covid-19 esteja próxima”, explica a professora Wang.

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