Foi hoje oficialmente inaugurada a exposição Chapas Sínicas. Uma exposição constituída por cerca de 200 documentos escritos em Chinês preservados no Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Portugal. A apresentação do evento ficou a cargo da Diretora do Arquivo de Macau, Dr. Lau Fong.
A colecção Chapas Sínicas é datada principalmente a partir de meados do século XVIII até meados do século XIX. A maior parte da coleção consiste na correspondência oficial trocada entre as autoridades chinesas e as autoridades portuguesas em Macau nesse período, contando documentos que estão associados às condições sociais, vida quotidiana, desenvolvimento urbano e comércio. “Este acervo apresenta um retrato fiel da posição e do papel únicos de Macau no mundo durante o referido período”. Ao todo, a colecção é constituída por 3600 documentos.
Durante esse tempo, Macau era um porto para o comércio e intercâmbio da China ao exterior, através de ligações marítimas e outros meios, e “contactava com muitos países, incluindo o Reino Unido, França, Rússia, Estados Unidos da América, Suécia, Holanda, Dinamarca, Espanha, Japão, Coreia, Vietname, Brunei e Filipinas, tornando-se um lugar cheio de barcos estrangeiros, coexistindo a cultural ocidental e oriental”.
Durante a apresentação, foi felicitada as relações de intercâmbio que têm sido estabelecidas entre os Países Lusófonos e a China, no qual “o intercâmbio cultural bi ou multilateral é um elo essencial para a compreensão mútua, bem como um importante canal para expressar as emoções, sendo ainda uma ponte fundamental para aproximar os povos”.
Para a Dr. Lau Fong, a criação da Plataforma (de Serviços) para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa é um importante plano e posicionamento do país em relação à Região Administrativa Especial e Macau (RAEM). A plataforma tem como objetivo estratégico implementar e desenvolver a RAEM, objectivo esse que necessita, para a sua implementação e concretização, de ser alimentado e promovido por um espírito humanista.
“Acredito que este intercâmbio cultural irá a nível da indústria logística, comércio, turismo e investimento, entre outras, injetar genes culturais, fazer convergir o espírito dos povos e reforçar a confiança num desenvolvimento conjunto em benefícios mútuos, estabelecendo assim fundações profundas e sólidas para um novo tipo de relações internacionais”.
Ainda no discurso, a directora sublinhou o trabalho notável do Arquivo Nacional da Torre do Tombo em manter a coleção em bom estado ao longo dos dias, “felizmente que a colecção e registos oficiais foi levada para Portugal e preservada por profissionais competentes até aos novos dias”.
Esta exposição foi organizada com o principal objectivo de descobrir histórias a partir dos registos que falem de Macau dentro da História da China, de Portugal e do Mundo. Com isso, “pretende-se que o cruzamento dos registos com as respetivas imagens e documentos possam ajudar a construir um retrato vivo de Macau durante a Dinastia Qing”.
Ao todo, cerca de duas centenas de documentos estão expostos ao longo de toda a sala de exposição do arquivo. Destaque para os ofícios, acordos, licenças e procurações desenvolvidas durante a Dinastia Qing, entre 1693 e 1886.
A exposição é organizada pela Torre do Tombo e conta com o apoio da Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, Instituto Cultural do Governo RAEM de Macau e pelo Arquivo de Macau.