Tatiana Saavedra, cineasta e fotógrafa, 32 anos, viveu quatro meses em Macau, onde foi trabalhar com o realizador Ivo Ferreira e apesar da estadia ser curta ficou apaixonada. “Ao primeiro contacto senti que o cheiro era muito intenso e a cada dia que passava ia gostando mais e mais. Foi o suficiente para me apaixonar. Então, estar com as pessoas que me remetem para esse período é uma coisa boa”.
Essa coisa boa está a acontecer agora. Avisada por uma amiga de Macau, sobre a abertura da segunda edição do concurso de fotografia da Somos – Imagens da Lusofonia 2019, Tatiana já está em campo. Procura pessoas que tenham gosto em ser modelo no projeto que desenvolve para concorrer. E já está a encontrar.
Susan Lin, encontrada via facebook, nascida em Lisboa, também de 32 anos, filha de imigrantes chineses, o businessman Lin Dihua e a dona de casa Xu Ailian, que a levaram dos quatro aos cinco anos para o país de origem afim de aprender chinês, licenciada em línguas estrangeiras aplicadas, pela Universidade Católica Portuguesa e em economia pela Renmin University of China, apresentando-se como modelo e atriz,… já foi fotografada.
O que mais apreciou na fotógrafa foi “o estilo tipo drama asiático, filme, cinema”. De Tatiana diz, “…o que faz é profundo!” De facto, segundo a prória Tatiana atraem-na trabalhos que “envolvam questões ligadas ao inconsciente e ao existencialismo”. As pessoas são a origem , o tema de que parte para as artes que explora, a fotografia, mais tarde o cinema, e sempre articuladas com a filosofia e a psicologia.
Tatiana e Susan encontraram-se e o resultado está à vista.
Isto aconteceu já depois de Tatiana ter contactado o Nihaoportugal da seguinte forma: fotógrafa residente em Lisboa, ex-residente em Macau, procura modelo asiático para fazer parte do seu mais recente projecto.
“Fui avisada deste concurso de imagens da lusofonia 2019, sobre o património que nos une, por uma amiga de Macau e agora procuro pessoas que tenham gosto em ser modelos neste projeto. Pessoas que podem até ser nascidas em Portugal mas pelas relações com as suas origens sentem de uma determinada forma. No que toca ao amor, por exemplo, aqui somos muito mais emotivos, mas acho que na China ele é 50% emoção e 50% razão. Quero viver esses sentimentos, essas formas de sentir, os conflitos vividos por quem está dividido entre culturas. Venho do cinema. As pessoas que vem do cinema gostam de contar histórias…”
“A minha ideia é mostrar o dia a dia de uma pessoa que mora aqui em Portugal, registando a nostalgia de quem vive com um pé aqui e outro do outro lado do mundo. Em mais nova morei na Alemanha e sentia-me dividida, sei o o que é. Quero captar a nostalgia de quem vive com um pé aqui e ouro do outro lado do mundo”-explica.
As duas portuguesas partilham mais do que esta nostalgia relativamente ao sentir asiático.
Partilham uma realidade pontuada pela frequente dificuldade de seguir uma carreira artística.
“Trabalho no departamento de audiovisuais da TAP. Tenho um carro e uma casa para pagar. Não é fácil viver das coisas criativas”, diz Tatiana que no entanto tem já um interessante currículo como artista. Veja-se aqui e aqui o que tem feito Tatiana.
E Susan contou a Tatiana que os pais lhe impuseram uma formação “séria” primeiro. Cumprido o desígnio parental, a formação em economia, o domínio do português e do chinês, ambas como “línguas maternas” e ainda o inglês e o espanhol e, evidenciado a capacidade da filha – aos 29 anos, Susan iniciou carreira de modelo na Elite Lisbon, e no mesmo ano participou na novela Jogo Duplo, uma figuração especial em que contracenou com João Catarré. Foi selecionada para projetos de publicidade (Lóreal, Axa Itália e Uber) e finalista no concurso da Pantene em 2018 – a oposição paterna deixou de existir. E Susan enveredou por mais formação, agora na área ambicionada. Recebeu aulas na ACT-escola de atores, e na Cusca- Cultura e Comunidade.
Tatiana Saavedra, licenciada em cinema, vídeo e multimédia pela Universidade Lusófona, venceu, nas categorias melhor ideia, melhor projecto e melhor negócio, o concurso europeu “Cinema and Industry Alliance for Knowledge”,de que fazem parte as empresas Zon, Novabase e Avid, com a série documental “Under the Light”. “Quadro Branco” e a “Lucidez do Absurdo”, são outros dos seus trabalhos distinguidos. Recentemente estreou no DocLisboa, “O descando da intensidade das cores” e no currículo inclui ainda uma série documental de 14 episódios para a Globo sobre cantoras portuguesas e a relação artística entre Portugal e Brasil. Para além disto, produziu um vídeoclip para o Banco atlântico Europa e como fotógrafa, expôs pela primera vez na Galeia Fronteriza , no México.
Tatiana Saavedra, artista portuguesa apaixonada por Macau procura modelos chineses para concurso de fotografia Somos-Imagens da Lusofonia 2019 …e já está a encontrar As candidaturas para a segunda edição do concurso de fotografia Somos – Imagens da Lusofonia, estão abertas até ao final deste mês de Dezembro. A organização é da Associação de Comunicação em Língua Portuguesa (Somos-ACLP), e incentiva os concorrentes a uma
abordagem criativa e imaginativa do tema.
O concurso da Somos- Associação de Comunicação em Língua Portuguesa
A associação procura promover uma maior proximidade e entendimento, entre os países e regiões de língua oficial portuguesa, através de Macau, onde tem sede. O concurso deste ano tem o património cultural como tema e as fotografias devem contribuir para ilustrar a história e a identidade colectiva, material e imaterial, do universo da lusofonia, nas suas diversas vertentes.. “O património tanto é um edifício de traço arquitetónico distinto, como uma expressão religiosa ou uma dança popular”, entende a Associação Somos-ACLP, no texto em que apresenta o concurso.
As imagens farão parte de uma exposição a ser organizada pela Somos – ACLP, de 28 de fevereiro a 15 março de 2020, na Galeria da Casa Garden , em Macau, e conta mais uma vez com a curadoria de António Mil-Homens. Integrarão essa mostra também outras fotografias selecionadas pelo júri pela sua relevância ou valor para o tema do concurso fotográfico e para o propósito da Somos – ACLP, que é projetar a dimensão cultural da Lusofonia, assim como o papel de Macau enquanto plataforma que une a China e os países/regiões de Língua Portuguesa. O evento terá momentos musicais com Hugo Pinto como DJ e performances artísticas. A inscrição no concurso é gratuita. Ao vencedor é atribuído um prémio pecuniário de 10 mil patacas.